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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Vestido que muda de cor

Sobre o tal vestido que muda de cor (branco e dourado ou azul e preto), assunto que está nos hits das redes sociais, foram dadas algumas explicações. Uma delas, considerada mais "científica" é que o nosso cérebro faz escolhas para compensar as cores, podendo enxergar o azul como branco se a luminosidade for carregada de tons mais azulados. Não achei lá muito plausível porque de dia ou de noite enxerguei a tal imagem da mesma cor (branco e dourado)... e na verdade o vestido é azul e preto.
Na minha opinião, trata-se de um modo particular da retina de cada um interpretar a combinação de cores que está vendo. Algo semelhante a um daltonismo, mas muito mais discreto. O quê fez com que tal vestido provocasse uma polêmica desse tamanho é um mistério (ainda). Como pequena colaboração, percebi que ao invertermos as cores do vestido (no computador, usando software de tratamento de imagens) o inverso do branco é o preto (óbvio) e o inverso do dourado é o azul! Assim ao tratamos a imagem original, obtemos uma imagem branco/dourado nas posições invertidas de quem assim as enxerga no vestido original. Uma doideira...

Abaixo as duas fotos: normal (que causa polêmica nas cores) e invertido (que não vi polêmica entre as pessoas que perguntei)...

 
Imagem original                              Imagem com cores invertidas

Abaixo: figura com dourado e branco (esquerda) e a mesma invertida (direita):


Talvez essa coincidência das cores complementares esteja na origem da explicação do fenômeno.

Ramon L.O. Junior

PS.: A loja inglesa voltou a vender o vestido. Veja na foto abaixo que não há dúvidas sobre a cor: preto e azul. O problema então está na primeira foto que foi divulgada.


quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Raios

Quando eu achei que só ia capturar um tímido raio...


Eis que aparece uma turma de raios fazendo algazarra...


Fotos: Ramon L. O. Junior

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

O risco de se nadar em lagoas

Estou acompanhando a polêmica sobre o pessoal que está nadando na Lagoa da Catarina, recentemente revitalizada. Alguns apoiam e outros criticam... ambos veementemente.

Lagoa da Catarina no final do processo de revitalização. Foto feita em celular num dia chuvoso. Ramon L. O. Junior
Particularmente tenho muito receio dessas atividades em lagoas. Os perigos existem e são proporcionais ao tempo que se tem contato com a água. Água de lagoa não é tratada com cloro, portanto, permite o desenvolvimento de uma série de micro-organismos que podem provocar doenças nas pessoas. Uma boa parte da água ainda cai na lagoa trazida pela enxurrada. Estive presente no local num dia de chuva e pude verificar que isso ainda acontece. A chuva pode trazer esgoto que porventura tenha vazado nas ruas próximas (o que não é incomum no período de chuvas) e fezes de animais. Depois que a gente estuda um pouco de microbiologia, parasitologia e patologia fica mais "medroso" com essas coisinhas minúsculas.
Exemplos potenciais de problemas
Amebas: Além da famosa Entamoeba histolytica, causadora da disenteria amebiana (mas que eventualmente pode atacar fígado, pulmões e cérebro - sendo fatal nesse último caso), existem outras amebas que se desenvolvem em águas quentes e não cloradas. Uma dessas amebas é a Naegleria fowleri, causadora de meningoencefalites. A Naegleria pode matar em menos de 15 dias e o diagnóstico é dos mais complicados. Por isso, talvez, o número de casos registrados por ano em todo o mundo seja baixo. 
Doenças diarreicas agudas: Entre elas as diarreias causadas por rotavírus, Salmonella, Shigella e outros organismos.
Hepatite A: classicamente transmitida pela via fecal-oral, no caso por ingestão acidental de água contaminada.
Leptospirose: causada por uma bactéria presente na urina de ratos (vamos lembrar que a água da enxurrada passa por tubulações onde podem existir ratos). A leptospirose pode apresentar-se de várias formas, desde um quadro parecido com uma gripe, até formas graves que podem levar à morte. A leptospirose ocorre em todo o mundo, principalmente em regiões tropicais e subtropicais onde o calor e as chuvas favorecem a sua transmissão.

Outros riscos existem no local por causa dos materiais usados na reforma. Esse é especificamente o problema das telas de arame usadas para a fixação das pedras do talude. Outro risco, esse agora para a obra, seria o rompimento da manta impermeável que foi colocada para minimizar a perda de água por infiltração no solo.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Parque da Cascata: imagens fortes de um grave problema.

A situação do Parque da Cascata é muito complexa. Durante o período em que estive na prefeitura (pouco mais de um ano), tentamos de toda maneira reverter uma compensação ambiental da IVECO (plantio de 70.000 árvores na região da IVECO) para um valor em dinheiro que seria usado para fazer o Plano de Manejo da APA Serra de Santa Helena, constituir uma Brigada de Incêndio equipada e paga e fazer reformas na estrutura do Parque da Cascata.


Imagens do lago do Parque da Cascata em abril de 2014, quando o mesmo foi fechado para visitação. Fotos: Ramon L. O. Junior
Infelizmente tal ação não teve como ser realizada. Desta forma, o Parque da Cascata que havia sido fechado para reformas, não teve como ser reaberto, uma vez que a prefeitura não dispunha de como arcar com todas essas ações. Para se ter uma ideia, entre salários e equipamentos, a Brigada de Incêndio teria um custo de cerca de R$ 200.000,00 para funcionar no primeiro ano (e menos nos anos seguintes se o equipamento não se deteriorasse). O Plano de Manejo foi estimado, por consulta em algumas empresas especializadas, em cerca de R$ 400.000,00. E as reformas estruturais no restaurante, na barragem, nas trilhas e nas outras construções do parque consumiriam cerca de R$ 200.000,00. Isso fazendo ajustes e economias em função da verba-teórica disponível. 
Acompanhei o processo e posso atestar a idoneidade de todos que participaram da situação, tanto por parte da prefeitura (com destaque para o Secretário de Meio Ambiente - Luiz Adolpho, para a Nathália que é superintendente da secretaria, José Oswaldo que é responsável pelo setor jurídico da Secretaria do Meio Ambiente e para meu amigo Saulo Queiroz, atual Secretário de Desenvolvimento e Turismo) quanto por parte da IVECO e seus representantes que participaram de diversas reuniões. Infelizmente, o Ministério Público (que foi consultado e se mostrou sensível à importância das ações acima), também dentro de suas prerrogativas, entendeu que a tal compensação não poderia ser feita, indicando que a ação mais correta seria a IVECO plantar as tais 70.000 mudas em torno ou próximo de seu empreendimento. 

Local da comporta do lago, mostrando uma diminuição de cerca de um metro no nível vertical da água. Imagem: www.setelagoas.com.br

Vista parcial do lago do Parque da Cascata. Imagem: www.setelagoas.com.br
Bom, esse relato todo é para explicar a situação do Parque da Cascata em si. Quanto à situação atual do lago (visto nas imagens acima, extraídas de vídeo produzido pelo www.setelagoas.com.br), a situação mostra-se crítica. 
No meu entendimento (e admito que outras explicações poderiam ser aventadas), a causa principal do fenômeno encontra-se na baixíssima pluviosidade dos últimos meses. Dados sobre as precipitações no último ano podem ser lidos AQUI e são muito consistentes com a situação encontrada. Mas há também um problema que já vem de muito tempo, relacionado ao assoreamento das nascentes em torno do lago. Também é claro que algumas ações (como a construção de mais barraginhas e projetos de reflorestamento podem ajudar muito - mas não há reflorestamento que funcione com incêndios periódicos). Uma outra questão é que as taxas de evaporação e infiltração no solo devem ser razoavelmente grandes na altitude em que o Parque se encontra. E há ainda o problema da perda necessária de água pela comporta - que não pode ser hermeticamente fechada - sendo responsável pela manutenção de pelo menos um fio de água na Cascata, importante para o ambiente a jusante da represa (lago).
Não acredito que o poço artesiano perfurado próximo ao lago (represa) para abastecimento dos moradores do alto da Serra, que atinge lençóis profundos a mais de 100 metros, esteja relacionado com o evento. Essas águas que mantêm o lago são de origem muito mais superficial (de 2 a 10 metros de profundidade, se tanto), e esses lençóis superficiais são os primeiros a sofrer na estiagem, especialmente em altitudes. E muito menos (conforme algumas pessoas sugeriram), a comporta não foi aberta para esvaziar o lago e fazer reformas em sua volta. Tal irresponsabilidade seria sem sentido (pois não havia verba) e impensável conhecendo-se os interesses ambientais defendidos pela Secretaria do Meio Ambiente.

Ramon Lamar de Oliveira Junior

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Para se pensar: Resultado dos formandos em medicina do Estado de São Paulo no Exame do CREMESP

O texto seguinte foi publicado no site do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) e serviu de base para várias notícias sobre o assunto. Republico-o aqui para que possamos fazer algumas reflexões. Desde a baixa qualidade de alguns cursos, passando pelo fato do Cremesp expor esses problemas no Estado de São Paulo (gostaria muito de saber dos demais Estados) e ao fato da revalidação de diplomas do exterior e avaliação dos médicos do programa Mais Médicos. Acho que tudo está relacionado e muitas perguntas podem ser feitas sobre o tema... o problema é achar as respostas. Sublinhei alguns pontos que julguei importantes.

Exame do Cremesp

Reprovação chega a 55% dos recém-formados em Medicina no Estado. 
Índice alcança 65% entre escolas privadas.

Com alto índice de reprovação, o Exame do Cremesp de 2014 confirma situação alarmante do ensino em escolas médicas. Os resultados da avaliação de médicos recém-formados foram divulgados em coletiva de imprensa, nesta quinta-feira, 29/01/15.
O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) promoveu, em outubro de 2014, a décima edição do Exame do Cremesp, que avalia o desempenho dos recém-formados em Medicina. É o terceiro exame realizado depois que se tornou obrigatório para quem deseja obter o registro de médico no Cremesp e atuar no Estado de São Paulo. O registro no CRM não depende do desempenho ou da aprovação nas provas.
Dos 2.891 recém-formados em escolas médicas do Estado de São Paulo que participaram do Exame em 2014, um total de 1.589 – ou 55% deles – não atingiu o critério mínimo definido pelo Cremesp. Ou seja, acertaram menos de 60% do conteúdo da prova. Os outros 45% – ou 1.302 egressos – acertaram mais de 60% do conteúdo. Entre as escolas públicas paulistas, a reprovação foi de 33%. Já entre os cursos de Medicina privados do Estado de São Paulo, 65,1% foram reprovados.
“Esse resultado demonstra a má qualidade do ensino médico no País”, destacou presidente do Cremesp, Bráulio Luna Filho, durante a coletiva de imprensa, que teve também a participação do 1º Secretário, Renato Azevedo Júnior. “Toda vez que um indivíduo despreparado entra para atender no sistema de saúde, propicia o mau uso dos recursos, tais como exames etc, além de representar um risco para os pacientes assistidos”, completou o presidente do Cremesp.
Luna Filho revelou também que a plenária do Cremesp discute, atualmente, o monitoramento dos recém-formados que não conseguiram desempenho mínimo na prova, por meio do acompanhamento de frequência em cursos de atualização, entre outros. 
No ano em que completa dez anos, o Exame do Cremesp teve recorde de participantes das escolas paulistas, com abstenção de apenas 0,9% de 2.916 inscritos. Em 2013, a abstenção foi de 2,8%; em 2012, foi de 2,5%.
A avaliação do Cremesp foi instituida em 2005, mas até 2011 a participação dos recém-formados na prova não estava condicionada à concessão de registro profissional. A partir de 2012, por meio da Resolução do Cremesp nº 239, institui-se a obrigatoriedade de realização do Exame para obtenção de registro de médico no Estado de São Paulo, independentemente do resultado obtido na prova.
A edição 2014 do Exame contou com 120 questões objetivas de múltipla escolha, abrangendo problemas comuns da prática médica em nove áreas básicas: Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Pediatria, Ginecologia, Obstetrícia, Saúde Mental, epidemiologia, Ciências Básicas e Bioética.
Legalmente o Cremesp não pode impedir o médico sem formação adequada de exercer a Medicina. “Estamos tentando mudar essa situação. Temos trabalhado com todas as escolas, por meio de uma Câmara Temática, para discutir a formação e a maneira como o Conselho pode interferir para mudar esse cenário”, revelou Luna Filho. “Como não conseguimos colocar uma ferramenta obrigatória que impeça o aluno com mau desempenho de exercer a profissão, temos tentado acompanhar o a formação dos alunos, por meio de comissões”, concluiu. 
Renato Azevedo alertou para o fato de mais da metade não alcançar a média mínima, o que evidencia problemas graves na formação médica. “A decisão de impedir que indivíduos formados inadequadamente exerçam a Medicina, colocando o cidadão em risco, cabe à sociedade brasileira, com a criação de leis que cerceiem essa prática”, completou Azevedo.